Não há apenas uma representação da casa tradicional portuguesa. De Norte a Sul do país, encontramos casas típicas cuja construção obedece a questões culturais, climatéricas e até geológicas. Na paisagem minhota, por exemplo, há uma profusão de casas de granito ladeadas por espigueiros. Já no quente Alentejo, abundam casas baixas, com paredes caiadas de branco e faixas coloridas. E ainda bem que assim é. A diversidade denota a riqueza do nosso país, que tem uma História antiga e que recebeu e absorveu influências de outras culturas. Apesar de não ficarmos indiferentes à espectacularidade dos exemplares da arquitectura moderna, há qualquer coisa de enternecedor nas casas tradicionais. Hoje, é sobre elas que nos debruçamos.
A galeria da homify inclui vários projectos de casas típicas portuguesas, que nos dão conta da sensibilidade e do tacto dos arquitectos que souberam preservar a essência das mesmas, mesmo quando foi necessário conciliar a tradicionalidade com a modernidade.
Percorra a selecção de casas tradicionais que preparamos para si e, no fim, diga-nos qual a que mais gostou… Isto se conseguir escolher só uma, pois claro! 🏡🇵🇹
O nosso GPS arquitectónico está bem afinado para percorrermos o país de lés-a-lés.
Abrimos o nosso livro de ideias com uma casa em Espiunca, uma aldeia que faz parte do concelho de Arouca e que, ainda hoje, preserva a suas características de ruralidade.
No terreno, estavam implantados dois edifícios construídos em alvenaria de xisto e com coberturas tradicionais em lousa. Um dos edifícios destinava-se a habitação e o outro funcionava como palheiro. Ora, o projecto consistiu na ampliação e na reabilitação destes imóveis, que são hoje usados para alojamento turístico rural.
Apesar dos arquitectos os terem adequado às necessidades de habitabilidade e de conforto actuais, procuraram respeitar a traça tradicional. E conseguiram-no. Mantiveram-se as paredes exteriores pré-existentes, tendo a ampliação sido feita com um material translúcido e leve que não ofuscasse a pedra. O edifício pré-existente acomoda as partes privadas da habitação e a ampliação acolhe as zonas sociais que se abrem para o exterior, definido pela vegetação frondosa.
O palheiro, por sua vez, foi adaptado para a instalação de um estúdio. A dimensão exígua tornava-o ideal para o efeito.
Os interiores são totalmente modernos. Se os quiser ver, basta clicar sobre esta imagem e carregar onde se lê mais sobre casa em Espiunca
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forma de abraço
Na base da Serra de Sintra, mais concretamente no coração da aldeia da Malveira da Serra, encontra-se esta adorável casa rústica, que foi encontrada em ruínas pelo gabinete que a intervencionou.
A casa forma um U
em torno de um pequeno pátio, com vários recantos e desníveis. O projecto começou, como não podia deixar de ser, pela limpeza da ruína. Só assim foi possível tomar-lhe o pulso
e descobrir-lhe todos os detalhes. O arquitecto optou por preservar as paredes originais e recuperou o edifício recorrendo a materiais locais, como o granito da Serra e a madeira de pinho. A obra, pejada de pormenores, demorou dois anos até ficar concluída. Olhando para a fotografia, diríamos que valeu a pena esperar. É impossível ficar indiferente a este pátio, onde a luz do sol pousa delicadamente.
A moradia que vê na fotografia pertence à mesma família há três gerações. Os arquitectos depararam-se, assim, com um projecto sedutor, mas desafiante: trazer o imóvel ao presente, respeitando as mais-valias do passado, e perceber quais as memórias e os afectos que a casa produz na família.
As alterações nas fachadas exteriores tiveram como principal desígnio a beneficiação estética e térmica. Foram, neste sentido, substituídas as caixilharias e os portões, uniformizadas as cores e reparados os elementos decorativos em ferro existentes. A casa exibe, agora, um esquema cromático mais moderno e as janelas quadriculadas tradicionais foram substituídas por janelas com um pano de vidro único.
A tradicionalidade não está apenas presente na forma. Os materiais também contam. Por esse motivo, tínhamos que incluir esta casa em xisto no nosso artigo.
A casa da imagem é ampla e assume, distintamente, um estilo rústico, embora as linhas que a desenham sejam de cunho tradicional, com o telhado de duas água a coroar a construção. O xisto surge combinado com a madeira – pintada de vermelho – e com o vidro, usado expressivamente nas janelas.
Se tivesse que descrever o Alentejo, o que diria? Quando pensamos nesta região do país, lembramo-nos das praias que povoam a costa, da paisagem a perder de vista, das oliveiras e dos chaparros e, claro está, dos montes, das herdades e das casas baixas com paredes caiadas de branco, atravessadas por uma faixa colorida.
A casa que vemos acima, espelha a imagem que temos desta região do país. Trata-se de uma casa de férias que se destaca pela simplicidade e horizontalidade da sua arquitectura e pela vida e alegria que a lista em cor-de-vinho lhe proporciona. Sabia que, no Alentejo, as cores fortes das bases das casas terão começado a ser usadas como repelente para os insectos e o branco para reflectir os raios solares?
Esta habitação, em Almodôvar, tem a generosa dimensão de 1 100 m², que compreendem quatro suítes e um quarto em camarata, uma zona social, uma área de serviço, quatro pequenas casas de hóspedes, piscina apoiada por balneário e um telheiro, que apela ao convívio ao ar livre. No telheiro, há uma segunda cozinha para se fazerem refeições fora de portas.
É em Santo Estêvão, nas margens do Rio Tejo, que se encontra esta casa idílica, integrada num cenário bucólico.
A casa foi restaurada e remodelada e é usada, essencialmente, durante as férias e aos fins-de-semana. A proprietária fez questão de acompanhar o restauro. Os materiais escolhidos para o projecto são todos portugueses e seguem a traça da arquitectura tradicional.
O gabinete responsável pelo projecto teve sempre em mente a vivência desta casa e o facto de os proprietários receberem nela muitos amigos e convidados ligados ao mundo equestre (tanto a dona da casa como a filha entram em competições de dressage).
O resultado está à vista: a casa parece saída de um conto-de-fadas.
Mais a Sul, em Vale do Lobo, no Algarve, temos esta villa, onde o branco da fachada dialoga com o azul claro e com a madeira, a tijoleira e a pedra da calçada.
Neste imagem de detalhe, vemos o acesso à casa que inclui um jardim frontal, onde os vasos em barro e as plantas trepadeiras funcionam como a moldura perfeita e oferecem frescura e beleza à composição.
O estilo da moradia é clássico, embora seja notória a influência da arquitectura mediterrânica. Ainda assim, é o tipo de casa que se enquadra em pleno na paisagem algarvia e que estamos habituados a ver nesta zona do país. Concorda connosco?
Carregue, já agora, sobre a imagem para ver a fantástica piscina nas traseiras!
E já que estamos no Algarve – desta vez, em Tavira – aproveitamos para lhe mostrar o resultado de uma intervenção a uma casa com anexos agrícolas. Na imagem, vemos a casa principal que foi recuperada de acordo com os métodos de construção tradicionais, que permitiram conservar o seu carácter.
Os arquitectos fizeram algumas alterações tipológicas – apenas as necessárias – e mantiveram, nos tectos, as canas encontradas na casa original.
A propriedade tem uma área total de 286 m².
Veja mais casas de um só piso: aqui.
Não podíamos deixar de incluir o Chalé das Três Esquinas
nesta nossa viagem, por terras lusas. O chalé é um edifício único que, de acordo com os arquitectos, documenta a história e a diáspora da região onde se insere
, na medida em que combina a arquitectura e o desenho urbano portugueses do século XIX, com uma inusitada influência alpina que chegou a Portugal por via de uma vaga histórica de portugueses regressados do Brasil, culturalmente influenciados por centro-europeus que desenvolviam a segunda revolução industrial brasileira
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Ao longo de 120 anos, o edifício foi sofrendo intervenções não qualificadas que adulteraram o aspecto original da fachada, entretanto restabelecido: recolocou-se a caixilharia original e restaurou-se o beirado.
O azul turquesa das paredes faz com que o edifício se destaque ainda mais no centro histórico da cidade.
Parece pequena, mas não se deixe enganar pela fachada desta casa tipicamente portuguesa que tem, na verdade, uma área de 230 m². O projecto teve como mote a requalificação da construção existente e a ampliação da moradia, através da adição de um segundo piso que não é perceptível na imagem. A casa desenvolve-se em patamares sequenciais entre a cota de entrada e o jardim murado de tardoz. Deste modo, conseguiu-se mitigar a diferença significativa, existente entre as cotas.
Terminamos em beleza, na ilha da Madeira, com uma casa tradicional que foi encontrada em ruínas pelos arquitectos.
O projecto de reconstrução, apesar de se ter apoiado tecnologias modernas, não se desviou dos princípios arquitectónicos da região. A intervenção ampliou a casa na sua fachada de maior dimensão e aumentou-a em altura.
O vermelho das superfícies chama muito a atenção, não só pela tonalidade expressiva como pelo contraste que gera na paisagem, na qual não destoa.
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A arquitetura tradicional portuguesa é muito rica e varia consoante a região do país. Ao longo deste artigo pudemos ver exemplos disso mesmo, cada um com características próprias da zona onde se situam.
As casas típicas portuguesas atraem turistas de todo o mundo pois muitas vezes parecem saídas de livros de histórias.
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